Num dia ‘bancam’ (passe o brasileirismo) as próprias ofendidas, choram, esperneam, insultam-te, dizem tudo que lhes vai na alma. Dizem que tu lhes estragaste a vida e culpam-te de tudo de errado que consigo se passa, inclusive, do aquecimento global, da queda do sistema capitalista, da violência, das cheias no Tejo, ou da seca em Brasília.
Nesta fase, boicotam ou abandonam as suas actividades quotidianas já que se encontram profundamente ofendidas e trantornadas (claro, muitos aproveitam pra tirar peso das costas que há muito lhes apetecia).
Palavra chave: desepero
E no ‘dia seguinte’ (pode ser um dia, uma semana, ou um mês depois) são as pessoas super-compreensivas (nunca em relação a ti, porque tu és o mais desprezível e abominável de todos os seres), argumentam que ‘tudo que reconhecemos fora é algo que está dentro de nós, ‘verdade’ essa que parece propositadamente esquecida quando conveniente. Dizem que seguem o coração (estranho, porque não sabia que corações indicavam o caminho do insulto, mas bom, deve haver de vários tipos... bem como tamanhos), falam com paixão de perdão, de reconciliação e sobretudo de compreensão.
Palavra chave: cinismo
Depois há aquela outra fase, a do ‘tudo bem’. Familiar não?
Quando se age com indiferença (obviamente aparente), quando se retoma algumas das actividades e se agregam muitas outras que te parecem autênticos dons (já que nesse período de ‘desespero’ descobres maravilhas e um sem nº de dons que outrora desconhecias possuir).
Quando se descobre que tem que se ir ao ginásio, a natação ou voltar ao yoga (não pelos seus sobejamente conhecidos benefícios a saúde, claro está) só pra dar aquela sensação de moving on. Quando se vai mais vezes ao salão de beleza, quando a maquiagem passa a ser um acessório quotidiano. Quando o estudo (ou trabalho) passa a ser excelente e adoras trabalhar até tarde. Anh! É a altura ideal pra conhecer novas pessoas, ou ‘mudar de ares’.
Palavra chave: compensação
Há aquela fase do joguinho (essa irrita-me particularmente)
Quando te achas o último gole de água depois de um pacote de bolacha água e sal. Quando fazes um esforço supremo pra não aparentar o querer (enquanto estás a roer-te por dentro de vontade). Podias chamar de fase do ‘quase’, do ‘mais ou menos’ ou do ‘talvez’. Da (falseada) liberdade, ou libertinagem seria o mais correcto. Aqui, já descobriste que tu és o máximo e fazes questão de lembrar-te (e a todos a tua volta) pelo menos mil vezes por dia.
Quando te fazes de díficil, de não querer. Nesta fase dás-te bem com toda gente. Achas-te mais atraente que todos outros 6 biliões de pessoas no mundo além de te achares possuidor de capacidades extraodinárias. Embora acessos de depressão e choros ocorram muito frequentemente.
De quando em vez lembra-se de que é vítima de uma conspiração e relatas dramaticamente todo o sucedido de modo mais catastrófico possível.
O bom-humor (ainda qua aparente) é uma constante nesta fase.
Palavra chave: orgulho
[Pensa, pensa em tudo que vais dizer ou fazer já que somos seres-intencionais , os efeitos são não apenas à curto, mas a médio e longo prazo.]